terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Espírito de Natal"


Sentei-me em um banco do Shopping para aguardar minha irmã.
Olhei para o lado e vi uma figura estranha em outro banco ao lado do meu.

Lembrei que já havia visto aquele homem outras vezes, no mesmo lugar, com um livro nas mãos.

Sua estampa me pareceu a de um mendigo, mas observei que suas roupas eram limpas, como ele.

Dessa vez ele estava sem o livro, com os braços sobre as pernas, olhando em direção ao nada ou ao mundo que lhe era familiar.

De repente, levantou, ajoelhou-se e colocou os braços em cima do banco. Abaixou a cabeça e permaneceu assim.

Perguntei:

- O Senhor está orando?

Ele virou a cabeça para mim e seus olhos brilhantes me fixaram. Fez que sim com a cabeça e continuou na mesma posição.

Fiquei pensando o que ele poderia ter feito na vida para ter se tornado aquela figura tão diferente do que estamos acostumados a ver. Era jovem, parecia ter quarenta e poucos anos.

De repente, o homem levantou-se,sentou-se no banco,novamente na posição anterior, braços sobre as pernas e olhar distante.

As pessoas que por ali passavam olhavam para ele e depois para mim quase sorrindo como se dissessem: "Deve ser maluco!"

Puxei conversa:

- Qual é a sua religião?

- Sou crente da Assembléia de Deus - disse ele.

- Há quanto tempo o Senhor tornou-se crente?

- Seis anos - ele respondeu.

- Por quê o Senhor fica aqui no Shopping?

- Recebi uma revelação - falou com serenidade.

Continuamos falando e eu lhe falei sobre a vida após a morte e a pluralidade das existências.

Ele me falou de Deus explicando capítulos e versículos da Bíblia.

Olhei bem nos olhos dele e continamos:

- O Senhor deve ter sofrido muito na vida para chegar até aqui.

- MUITO! - concordou ele.

- Ë meu irmão, todos nós temos que sofrer as consequências dos nossos atos para alcançar a evolução e poder chegar a Deus. É o livre arbítrio.

- Isso mesmo irmã. Deus nos criou a sua imagem e semelhança e nos disse:
Amai-vos uns aos outros.

Minha irmã, a quem eu aguardava,chegou e eu me levantei.

Então ele me perguntou:

- Qual é o seu nome?

- Ana - respondi.

- O meu é Daniel, vai com Deus.

- Feliz Natal Daniel!- disse despendindo-me.

- Obrigado. Feliz Natal para você também.

Ana Joaquina

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