terça-feira, 23 de novembro de 2010

A missão de Kardec



Queridos irmãos.
Vejam a conversa que Alan Kardec teve com o Espírito da Verdade quando estava escrevendo o Livro dos Espíritos.



A noite era de junho.
12 de junho de 1856.
"O Livro dos Espíritos"estava em sua primeira parte no final, grafando em palavras humanas o princípio da gênese divina do Universo.
O Codificador tomara o rumo do local onde realizava suas reuniões habituais e onde lhe era possível uma permuta de entendimentos com seus mentores espirituais.
Suspirava preocupado.
Acumulavam-no com afirmações sobre o seu trabalho em andamenteo, chamando-lhe de missionário. Ele estremecia com essa idéia de missionarismo que se chocava com sua humildade, conquistada em séculos de vivência.

-Tenho, como sabes - afirmou brandamente ao Espírito da Verdade - o maior desejo de contribuir para a propagação da Verdade. Mas, do papel de simples trabalhador ao de missionário em chefe, a distância é grande e não percebo o que possa justificar em mim tal graça, atribuindo-me tal encargo em preferência a tantos outros que possuem talento e qualidades de que não disponho.
Havia sinceridade real nessa colocação.
Kardec sentia-se incomodado com a titulação de missionário.

Pela mão da médium Aline, o Espírito da Verdade escreveu, em palavras que não se extinguirão jamais e numa lição de imortal sabedoria:

- Confirmo o que foi dito. Recomendo-te, porém, muita descrição, se quiseres sair-te bem. Tomarás mais tarde conhecimento de coisas que te explicarão o que ora te surpreende. Não esqueças que podes falir. Neste último caso, se falires, outro te substituiria, porque os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem. Nunca pois, fales de tua missão. Seria essa a maneira de fazeres malograr-se. Ela somente pode justificar-se pela obra realizada e tu ainda nada fizeste.
Era um desafogo à apreensão que possuia Kardec.

Não se afirmava que ele seria, inevitavelmente, um missionário. Fora-lhe confiada uma tarefa que, se bem cumprida, constituiria uma missão e que pedia trabalho e dedicação sem limites.
Cabía-lhe pois, lutar e vencer com Jesus.
No entanto, quais as dificuldades e o que poderia levá-lo a desviar-se da rota que a si memso traçara no impulso de propagar a verdade?

- Que causas poderiam determinar meu fracasso? Indaga
Houve um novo esclarecimento-advertência:
- Ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a própria traição dos que te parecerão os mais dedicados. As tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas.Por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga. Numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu repouso, de tua tranquilidade, de tua saúde e até de tua vida.
E até hoje ainda é assim!

Página extraida do livro Kardec, na Intimidade
Roque Jacintho

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