terça-feira, 27 de julho de 2010
A DOENÇA SOBRE A ÓTICA ESPÍRITA
Irmãos queridos,
Vamos prestar muita atenção para o que diz Berenice Zanini sobre a doença pela ótica espírita.
Antes de fazermos quaisquer comentários sobre este assunto e para nos situarmos bem
dentro dele, vamos relembrar sucintamente alguns conceitos:
Saúde – estado de total bem-estar: físico, mental e social;
Doença – estado resultante do desequilíbrio do Espírito e que vai refletir no corpo espiritual e no corpo físico;
Cura – estado que aparece quando o Espírito se reequilibra e que, tal como o anterior,também se reflete nos dois corpos: espiritual e físico.
Lembremos ainda que somos Espíritos. Como tal, temos a envolver-nos um corpo etéreo (o perispírito) e, atualmente, estamos a manifestar-nos por meio de um corpo físico.
Recordemos também que vamos progredindo através de inúmeras encarnações, nas quais vamos somando todas as experiências (boas e más) pelas quais vamos passando – tanto em termos de relações sociais como de conhecimentos adquiridos – até que atingimos a perfeição relativa.
Logo, é através do perispírito que o Espírito se manifesta no corpo físico, tal como todas as impressões recebidas do meio ambiente e das pessoas que o rodeiam, chegam ao Espírito via perispírito.
As experiências, os obstáculos, os desafios, e os sofrimentos físicos e/ou morais causam-nos tanto desconforto que, às vezes, fazem com que mudemos de atitude. Mas a mudança que escolhermos estará condicionada pelo nosso grau de compreensão do que é a vida e também pelo nosso livre arbítrio, um parceiro de peso nesta decisão.
Se cada vez que tivermos conflitos e desafios na vida, escolhermos o lado bom avançaremos rapidamente nos nossos equilíbrio e progresso espiritual; ou, por outras palavras, quando agimos equilibradamente, com fé, serenidade e justiça.
Infelizmente, a maior parte da humanidade ainda opta pelo lado mal, agindo desequilibradamente, com ódio, injustiça e desespero.
A conseqüência destes sentimentos negativos é o desequilíbrio do psiquismo espiritual, o qual vai atingir o perispírito e este, por sua vez, vai passá-lo para o corpo físico, sob a forma de doença.
A única coisa positiva em todo este processo, é sabermos que temos sempre a oportunidade de voltarmos à posição inicial, isto é, a que a própria doença sirva de desconforto e nos leve a mudarmos de atitude, até conseguirmos seguir a linha do equilíbrio.
Nestes termos, a doença é vista por nós, espíritas, como um instrumento pedagógico de que ainda precisamos para nos empurrar para o progresso. É um remédio amargo, mas também é um instrumento de retificação.
Para a Doutrina Espírita há três géneros de doenças, a saber:
•Doenças Cármicas – são as congênitas e as hereditárias, resultantes dos desequilíbrios que tivemos em vidas passadas;
•Doenças Adquiridas – são as provocadas por desequilíbrios tidos nesta vida atual;
•Predisposições (físicas ou espirituais) Para as Doenças – provenientes de um ou vários desequilíbrios das vidas passadas e/ou de tendências genéticas que, ante uma fragilidade na presente existência, se manifestam sob a forma de doença (a predisposição é cármica, mas a doença é adquirida).~
ESPÍRITO
Corpo Ambiente
Perispírito
Relação Espírito-Perispírito- Corpo
O Espírito André Luíz explica que:
“Os fatores que programam as condições do renascimento no corpo físico, são o resultado dos atos e pensamentos das existências anteriores”.
Por aqui constatamos que no que se refere às doenças cármicas e às predisposições para as mesmas, somos herdeiros de nós próprios.
Há dois comportamentos que marcam negativamente o perispírito e que provocam as doenças cármicas: um deles, é a consciência culpada, tanto pelo mal que fizemos – a nós e/ou aos outros –, como pelo bem que deixamos de fazer (quando está nas nossas mãos realizar o bem e por egoísmo ou comodismo, optamos por não o fazer);
o outro, é o desejo de continuar doente. Há pessoas que querem ficar ou continuar doentes, como uma maneira de substituírem a carência afectiva que sentem. Esta atitude vai marcar fortemente o perispírito, fazendo com que essa marca passe para outras vidas, onde o atual desprezo pela saúde, será resgatado pelo desejo de a poder recuperar.
O leitor(a) pode pensar: “– Mas não há nada que se possa fazer para suavizar as doenças cármicas?” E a resposta é um rotundo sim!
Vejamos quais são então os meios de que dispomos para isso:
a) aceitar a doença com uma resignação ativa, ou seja, fazendo um esforço constante para superar ou amenizar as limitações desta, quer sejam físicas ou psíquicas;
b) nunca nos revoltarmos;
c) trabalhar a favor do próximo – o Mestre Jesus assegurou-nos há mais de dois mil anos que “o amor cobre a multidão de pecados” e assim, compreendemos que fazer o bem incondicionalmente é uma excelente maneira de suavizarmos as nossas dívidas do passado e de amenizarmos as marcas no nosso perispírito.
Quanto às doenças adquiridas, estas são o resultado do nosso mau comportamento atual.
Com efeito, as atitudes irresponsáveis, precipitadas, egoístas ou de ódio, os vícios – drogas, tabaco, álcool – a violência, a agressividade, e a maledicência, provocam emoções tão perturbadoras que vão ter como desfecho a apresentação de doenças no corpo físico. Por exemplo, as frustrações e os medos causam as hoje tão habituais embora tão temidas, depressões;
e a falta de vigilância dos nossos pensamentos e atitudes, favorecem as obsessões, que podem estar presentes em todos os tipos de doenças, potencializando-as.
A CURA DAS DOENÇAS
A cura está formada por três pontos básicos:
1) Ação terapêutica da Fé
Querermos curar-nos e tornar este desejo cada dia mais forte, é fundamental
para qualquer cura. Mas para isso, precisamos acreditar em nós próprios e em Deus, e mudarmos a nossa atitude perante a doença, isto é, temos que vê-la como um obstáculo que temos que ultrapassar. E para nos ajudar a consegui-lo, devemos usar o recurso da prece sincera e fervorosa, tal como nos aconselha O Evangelho Segundo o Espiritismo, no ponto 11 do cap. XXVII. É que, por meio da prece, entramos em sintonia com o Mundo Maior, equilibrando o nosso ser e favorecendo a ação curativa dos Benfeitores espirituais.
“A tua fé curou-te. Vai e não peques mais!” – disse Jesus. Se aplicássemos esta recomendação do Mestre a toda a nossa vida, não voltaremos a adoecer.
MUDANÇA DE ATITUDE
(LIVRE-ARBÍTRIO)
DESEQUILÍBRIO
C/EGOÍSMO
C/ÓDIO
C/INJUSTIÇA
C/DESESPERO
EQUILÍBRIO
C/SERENIDADE
C/JUSTIÇA
C/FÉ
DESEQUILÍBRIO PERISPIRITUAL
DESEQUILÍBRIO FÍSICO
DOENÇA
APRENDIZADO
CURA
PROGRESSO ESPIRITUAL
A medicina atual conta já com inúmeras pesquisas que demonstram a importância que tem o pensamento positivo no fortalecimento imunológico do corpo físico, favorecendo a reação orgânica pela qual se obtém a cura.
E o Espírito Miramez comenta no seu livro Saúde, psicografado pelo médium
João Nunes Maia, que “não existe verdadeira cura sem oração. Eis porque em
todos os métodos de cura, a devemos usar para alcançarmos o beijo de luz de Deus, que se transforma no nosso peito em magnetismo animal, para curar os nossos semelhantes e a nós mesmos”.
2) Auto-conhecimento
Adenáuer Novaes, no Psicologia do Evangelho diz-nos que “querer ficar curado é não atribuir aos outros a responsabilidade pelo processo da cura... O meu salvador sou eu”. Se nós imprimimos a nossa doença de dentro para fora, é lógico que devemos curá-la da mesma maneira – de dentro para fora.
Só conhecendo as nossas tendências boas e más, seremos capazes de nos curar. Mas para isso precisamos de fazer uma acção terapêutica em 3 passos, na qual devemos, em primeiro lugar, identificar as causas do sofrimento;
a seguir, tentarmos compreender a razão desse sofrimento e assumirmos a atitude correta;
e finalmente, libertarmo-nos dos sentimentos negativos que temos dentro de nós,como a mágoa, o rancor ou o ódio – libertação esta que só é possível mediante o perdão.
Hoje em dia, a ciência médica já chegou à conclusão de que é o estado psicológico da pessoa, isto é, o seu Espírito, que influencia o estado de saúde ou de doença;
já se sabe que,por exemplo, o perdoar-se alguém, não só é necessário devido às concepções morais ou religiosas, mas também é um imperativo, como meio de se curarem várias doenças crónicas.
Atualmente, em praticamente todo o mundo, os psicólogos passaram a fazer parte das equipes médicas de Oncologia, para fazerem terapia de recuperação da auto-estima aos pacientes, pois descobriu-se que este é um componente que tem muito peso na cura do câncer;
3) Resignação Dinâmica, isto é, aceitação da vontade de Deus.
Neste caso, a resignação é, em primeiro lugar, aceitarmos a doença, mas termos a coragem de a enfrentar e de extirparmos ou suavizarmos a sua causa;
em segundo lugar,procurarmos o tratamento para a mesma.
Devemos fazer todos os tratamentos que estiverem ao nosso alcance, através da medicina, da psicologia e também das terapias espirituais (passes, palestras e desobsessão).
No entanto, devemos fazer aqui uma ressalva importantíssima:
Tudo aquilo que expusemos só dará resultado se a doença nos tiver motivado para fazermos a nossa reforma íntima do bem!
Se voltarmos a olhar mais uma vez para o esquema apresentado
verificaremos que a reforma íntima vai provocar uma mudança de atitude que, por sua vez, e devido ao nosso novo comportamento equilibrado, vai fazer com que consigamos a cura e, ao mesmo tempo, que avancemos no nosso progresso espiritual.
Adenáuer Novaes esclarece que “curar-se, é alcançar uns níveis maiores na
capacidade de nos amarmos a nós próprios, ao próximo, e à vida”;
e Roberto Brólio afirma que “a profilaxia das doenças da alma decorre do conhecimento que cada qual deve ter das leis da vida, que são totalmente voltadas para o bem”.
E com estas duas frases tão esclarecedoras terminamos, desejando-lhes muita Paz e Saúde!
* evangelizadora e oradora do Grupo Espírita Batuíra – Algés
Bibliografia:
ESE - cap. V, ponto 3- Justiça das Aflições; cap. XVII, ponto 11 – Cuidar do Corpo e do Espírito e Pedi e obtereis (Prece)
SAÚDE – Miramez/João Nunes Maia
DOENÇAS DA ALMA – Dr. Roberto Brólio
RENOVANDO ATITUDES – Hammed/Francisco do Espírito Santo Neto
MISSIONÁRIOS DA LUZ – André Luíz/Francisco Cândido Xavier
ACÇÃO E REACÇÃO – André Luíz/Francisco C. Xavier
PSICOLOGIA DO EVANGELHO – Dr. Adenáuer Novaes
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